sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ética no futebol

Acabou aquele tempo em que fio de bigode valia mais do que palavra no papel. Não sei o que está acontecendo, mas a palavra ética está mais para figurar em página de dicionário do que para ser utilizada no sentido prático. Quando um clube de futebol acena com a possibilidade de contratar um jogador, conversa com ele, acerta bases salariais, marca para assinar contrato e o indivíduo simplesmente não aparece ou não dá nem satisfação mas no dia seguinte é veiculada a notícia que ele está negociando com outro clube me deixa com uma dúvida: Será o problema do homem ( falta de caráter e de palavra) ou da famigerada lei Pelé que dá "direito" ao jogador e/ou empresário escolher onde quer trabalhar.
A essência da lei Pelé está correta: um trabalhador tem direito de escolher onde trabalhar. Só que no Brasil, poucos jogadores tem condições de administrar a própria carreira. Lança-se mão então de empresários - verdadeiras aves de rapina que ficam sobrevoando centros de treinamentos em busca de "carne nova" e nova mesmo. Meninos com 9 anos já tem empresário.
Neste último caso ocorrido com o jogador Kléber do Necaxa-Mex em que estava acertado para assinar com o Palmeiras e o Santos acabou contratando-o, destaca-se seu empresário Marcelo Robalinho que ficou indignado pelo fato do jogador não aparecer para conversar com os dirigentes palestrinos.
De quem é a culpa? Do jogador que não cumpre a palavra, mas tem direito de ouvir outras propostas para depois decidir ou dos clubes que não pensam em ética e passam por cima das negociações dos co-irmãos?
Existem tantos casos de falta de ética que, se eu escrever sobre todos, vou adquirir uma tendinite por LER ( Lesão por Esforço Repetitivo ) de tanto digitar.
Seria melhor voltarmos ao tempo em que as pessoas tratavam de compra/venda de jogadores diretamente, sem intermediários. Havia até trocas entre grandes clubes.
Os clubes do interior estão morrendo, eles eram base formadora de jogadores para grandes clubes da capital. Utilizavam o dinheiro da venda desses jogadores para investir ainda mais nas divisões de base montando times fortes para competir com os grandes, mas hoje os empresários é que ganham.
A mentalidade do jogador também mudou. Ele almejava chegar à um grande clube, à seleção brasileira e por último jogar na Europa. Hoje com 15 anos já está sendo levado direto para a Europa pelos empresários e para países como Cazaquistão, Ucrânia, Letônia e até as inexpressivas Ilhas Faroe.
Apesar do nosso País ser um celeiro para produção de jogadores, com eles saindo cada vez mais cedo, vamos ficar com a raspa do tacho e tendo campeonatos cada vez mais fracos, onde os nomes famosos serão de jogadores em fim de carreira que não querem mais jogar na Europa, esvaziando cada vez mais os estádios empobrecendo nosso futebol.

Palavra de Aló.

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